sexta-feira, 31 de março de 2017

ANÁLISE CRÍTICA DA EDUCAÇÃO SEGUNDO ÉMILE DURKHEIM


ANÁLISE CRÍTICA DA EDUCAÇÃO SEGUNDO ÉMILE DURKHEIM

A educação é universalmente reconhecida como um direito humano fundamental para todas as crianças. Ela contribui não apenas para o desenvolvimento social e económico, mas tem um valor inerente em si próprio. A educação é uma preparação para a vida, que lança a base necessária para o desenvolvimento geral e o bem-estar das crianças. Situações de emergência – pobreza, guerra, conflitos, migrações forçadas, guerras étnicas ou calamidades naturais criam condições de descontinuidade, incerteza e instabilidade que afectam as oportunidades de educação das crianças. Os profundos impactos negativos de emergências sobre a educação atribui-se a factores tais como os deslocamentos de comunidades, a desintegração de famílias e de estruturas sociais, a destruição de facilidades educacionais, recursos físicos e financeiros escassos e a falta de professores qualificados. Em alguns países, mesmo quando não existem situações de emergências, pode haver, uma falta de condições e de recursos ideais para a pior a educação básica. Como resultado dessas condições, as crianças muitas vezes não têm acesso a educação básica de boa qualidade.
Abordamos, então, sobre a educação, mas não âmbito geral. Abordaremos somente, ou seja, faremos uma análise crítica acerca da definição daquela que é considerada pai da sociologia da educação.
Segundo a definição de Émile Durkheim diz que “a educação é a acção exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que se encontram debilmente socializada”. Diante disso, apraz-me analisar que desde a certa idade, para todos os indivíduos e que a sociedade não poderia existir senão houver em seus membros homogeneidade. A educação, porém, própria existência.
Partindo desta orientação, Durkheim elabora sua teoria da educação, propondo uma socialização metódica das gerações novas. Para ele, era necessário articular a pedagogia à sociologia, uma vez que a escola teria como finalidade suscitar e desenvolver na criança certo número de estado físico, intelectual e moral exigido pela sociedade e que seriam aplicáveis a mesma.
    Para Durkheim, a sociedade é uma determinante, e exige que o indivíduo se adapte totalmente aos seus objectivos. A educação é o principal instrumento dessa adaptação. É a educação que transforma a criança, desprovida de um senso social, em uma peça activa da sociedade. O trabalho dos adultos sobre as "falhas" da criança, contribui para a incorporação dos princípios da sociedade da qual essa criança faz parte. Desta maneira, podemos entender, pelo prisma de Durkheim, que a história tem um papel fundamental, ou melhor, a história nos mostra como foram educados os indivíduos para a vida social. Por isso, Durkheim pressupõe ser indispensável à observação histórica para termos uma noção preliminar da educação e suas aplicações.
    Nesta observação da história das sociedades e suas relações, Durkheim procura demonstrar que não podemos escapar de uma formação voltada para o bem-estar desta sociedade, e que, se nos desviarmos deste caminho, poderemos causar muito desconforto à criança, e até a sua exclusão do meio social, pelas dificuldades que a criança enfrentaria se não conhecesse os valores e necessidades da sociedade em que estará inserida. Há, no entendimento de Durkheim, uma função ao mesmo tempo una e múltipla dos sujeitos sociais, ou seja, apesar de construir uma especificidade de tarefas e de trabalho, o indivíduo tem que estar a serviço de um bem maior, assim como receber e internalizar os valores colectivos que garantem o funcionamento desta sociedade, e é justamente por este aspecto que entendemos o pensamento durkheimiano como representante de uma corrente funcionalista de raciocínio, em que a absorção de princípios morais são seu fundamento. O sujeito é único enquanto sua particularidade de especialização, mas está, ao mesmo tempo, dentro de uma constelação de valores que são compartilhados com todo os sujeitos de uma mesma sociedade, caracterizados como os valores culturais a que todos os indivíduos devem ter acesso para a sua própria continuidade.
    Desta maneira, Durkheim nos apresenta objecções às idealizações da educação, principalmente quando essas sugerem uma educação universal, que possa atender a todas as sociedades sem observar suas diferenças originais e históricas. Para este pensador, não há possibilidade de mudar uma instituição que foi construída ao longo de um período histórico que comanda as necessidades da formação desta instituição, pois se isso acontecer, seria necessário uma mudança na própria estrutura desta sociedade, isto porque a educação não tem esse poder, por se aplicar a estruturas já existentes, não sendo ela a criadora dessas estruturas, mas exactamente o contrário. Esta dificuldade se impõe porque na história a educação tem variado com o tempo e o meio em que participa. Cada período histórico tem sua característica particular, o que inviabiliza a aplicação de um mesmo modelo pedagógico. Definitivamente, é impossível mudar os costumes que formam os sistemas de educação, pois a educação será sempre o reflexo da sua sociedade.
    Entre esses projectos idealistas criticados por Durkheim, podemos reconhecer basicamente dois modelos. O primeiro é aquele que busca a perfeição do indivíduo ao seu extremo, como meta última na realização e potencialização dos sujeitos. Porém, Durkheim afirma que é uma contradição acreditar num desenvolvimento harmónico do indivíduo em relação às necessidades de uma tarefa especializada, que este sujeito deverá desenvolver. A outra forma idealista de educação é aquela que procura a felicidade para si mesmo e para os outros membros da sociedade. Também é contestada por Durkheim por perceber a felicidade como algo essencialmente subjectivo, o que torna impossível o seu trabalho prático na educação, que é social.
    Nesta relação, una e múltipla, podemos entender que a natureza específica da educação é realmente agir sobre as gerações mais jovens e despreparadas para o convívio social, suscitando e desenvolvendo um certo número de estados físicos, morais e intelectuais, que são exigidos pela sociedade no seu todo, mas também criando o espaço para o desenvolvimento das particularidades que o indivíduo está destinado a trabalhar dentro e a favor deste contexto.
    A definição que Durkheim impetra para educação, sugere algumas consequências inexoráveis. Entre elas está a criação de um carácter social que tende a promover uma socialização metódica constante das novas gerações diante dos valores reclamados pela sociedade.
A educação transmite para o indivíduo conhecimentos que a natureza nunca poderia realizar, sendo que, mesmo as qualidades que pareçam ser escolhidas pelos próprios indivíduos, são profundamente ligadas ao meio social que as prescreve como necessárias. Assim, "desejando melhorar a sociedade, o indivíduo deseja melhora-se a si próprio"(Durkheim).
Dessa forma, Durkheim acreditava que seria mais beneficiada pelo processo educativo. Para ele, “a educação é socialização da jovem geração pela geração adulta”. E quanto mais eficiente for o processo, melhor será o desenvolvimento da comunidade em que a escola esteja inserida.
Nessa concepção durkheimiana – também chamada de funcionalista, as consciências individuais são formadas pelas sociedades. Ela é aposta ao idealismo, de acordo com o qual a sociedade é moldada pelo “espírito” ou pela consciência humana.
Segundo ele diz que “a constituição do ser social, feita em boa parte pela educação é a assimilação pelo indivíduo de uma série de normas e princípios, sejam morais, religiosos, éticos ou de comportamento que baliza a conduta do indivíduo num grupo. O homem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela”.      
Essa teria, além de caracterizar a educação como um bem social, a relacionou pela primeira vez as normas sociais e a cultura local, diminuindo o valor que as capacidades individuais têm na constituição de um desenvolvimento colectivo. “Todo o passado da humanidade contribuiu para fazer o conjunto de máximas que dirigem os diferentes modelos de educação, cada uma com as características que lhes são próprias. As sociedades cristãs da idade média, por exemplo, não teria sobrevivido se tivessem dado ao pensamento racional o lugar que lhe é dado actualmente” explicou o pensador.
No livro “As Regras de Método sociológico[2], Durkheim já havia exposto a importância atribuída a educação, considerando-a como reguladora dos tipos de conduta ou de pensamentos que são, tanto externos como ao indivíduo, como também, doptado dum poder coercitivo em virtude do qual se lhe impõe.
O autor citou, por exemplo, as formulações feitas por Stuart Mill, Kant, e James Mill (Fauconnet, in: Durkheim, 1975, p.34-34), aventando que as definições propostas por esses autores parte do postulado de que há uma educação ideal, perfeita, apropriada a todos os homens, indistintamente e esse respeito, observou que é a educação universal a única que o teorista se esforça por defender. Mas, se antes de o fazer, ele considera-se a história, não encontraria nada em que apoiasse tal hipótese (ibidem, p.35).
No pensamento marxista, a educação é um espaço de reprodução ideológica dos interesses da classe dominante; em Durkheim é vista como instituição integradora essencial a ordem social; na perspectiva weberiana, a educação é fonte de um novo princípio de um novo controlo, enquanto racionalidade instrumental de dominação burocrática. Se em Marx a educação pode oprimir ou emancipar o individuo; em Durkheim a educação é o mecanismo pelo qual ele se torna membro de uma sociedade.
Weber vai mais longe: a educação é factor de selecção e de estratificações sociais. Marx e Durkheim centraram-se no poder da força externas ao indivíduo; Weber centrou-se na capacidade de acção sobre o indivíduo sobre o exterior.
Depois de feita as investigações, conclui-se que Émile Durkheim via a educação como um esforço contínuo para preparar as crianças para vida comum. Por isso, era necessário impor a elas não adequadas de ver, sentir e agir, as quais elas não chegariam espontaneamente.
Por tanto, a tarefa que cabe a educação não é transformar ou revolucionar a sociedade capitalista, e sim reproduzir os valores morais dessa sociedade, integrando os indivíduos, tentando no máximo, reformar alguns aspectos considerados negativos. Logo, a visão é bem conservada. A educação existe para transformar e sim para produzir.














BIBLIOGRAFIA
DURKHEIM, Émile. As regras de método sociológico. In: Durkheim. 2ª ed. Trad. de Margarida Garrido Esteves. São Paulo, Abril Cultural, 1983. (Colecção os Pensadores).
DURKHEIM, Émile. Educação e Sociologia. 10ª ed. Trad. de Lourenço Filho. São Paulo, melhoramentos, 1975.
Jacques, Leclercq. Introdução à Sociologia. Trad. António Correia, 2ª ed. Coimbra, Editor: Sucessor, 1964.





[1] DURKHEIM, Émile. Educação e Sociologia. 1975.
[2]   DURKHEIM, Émile. As Regras de Método Sociológico. 1975.

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